O Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu em 4,5% a meta oficial de inflação a ser perseguida pelo Copom em 2009. Acreditávamos ser apropriada a fixação do patamar em 4,25% a.a., de forma a sinalizar - ainda que marginalmente - alguma convergência do parâmetro aos praticados internacionalmente.
No entanto, não entendemos ser totalmente negativa a decisão do CMN, devido à expressiva lista de pendências no aperfeiçoamento da organização e da gestão macroeconômica do País.
1-Autonomia informal do Banco Central
Atribui-se hoje à independência operacional da autoridade monetária parte significativa do sucesso no controle da inflação brasileira ao longo dos últimos anos. No entanto, a formalização legal dessa autonomia segue pendente. A manutenção da credibilidade do Banco Central seria menos incerta – com reflexo direto sobre a magnitude de eventuais elevações da taxa básica de juros – caso a gestão monetária fosse, por força de lei, protegida de qualquer forma de ingerência política. Em outras palavras, os custos e os riscos de um compromisso com metas mais ousadas de inflação seriam menores se tivéssemos um Banco Central independente.
2-Contínuo crescimento dos gastos públicos
Outra característica marcante de nossa gestão econômica é a contínua elevação do gasto público. Embora se trate de questão incontroversa, nosso País parece tentar ignorar que o equilíbrio macroeconômico depende da coordenação das políticas fiscal e monetária. Cumpre, portanto, reconhecermos que não haverá estabilização monetária duradoura se não impusermos restrições ao expansionismo fiscal.
3-Estancamento do processo de desindexação da economia
O País segue vulnerável a ter grandes dificuldades na absorção e no controle de eventuais pressões inflacionárias por conviver ainda com mecanismos que impedem a livre determinação de preços na economia. A própria relutância em se promover a desindexação dos contratos sugere que esses sejam mesmos necessários, diante dos riscos advindos de uma possível má gestão da moeda nacional.
4-Excessivo peso da valorização cambial no processo de contenção da inflação
Não há quem ignore o efeito favorável da valorização do câmbio no controle da inflação. Muito mais polêmica é a estratégia de se lançar mão de tal instrumento como variável central no processo de estabilização, principalmente por longos períodos. O país já viveu decepções nesse sentido, mas a lição não parece ter sido aprendida.
Em resumo, a convergência para padrões internacionais de gestão econômica é desejável, mas a velocidade dessa convergência depende de os esforços não estarem restritos apenas a um parâmetro - a meta de inflação.