Por que Dilma mexeu na Poupança (II)?

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Muito bom o texto do novo parceiro no Blog Educação de Bolso, Professor Marcelo Barros (clique aqui para lê-lo). Ao explicar, com muita precisão, as razões do governo para a mudança, contudo, o colega acabou me levando a avaliar criticamente essas razões.
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A lógica, de maneira resumida: haveria espaço para novos cortes na Selic... e, ao cortá-la, o Banco Central faria com que a remuneração de títulos de curtíssimo prazo da dívida pública fossem menores que a da caderneta; isso, por sua vez, levaria investidores a optarem pela última, tornando complicada a gestão da dívida de curto prazo. Como novos cortes na Selic precisam vir, para gerarmos mais empregos e renda, vamos mudar a regra de remuneração da poupança.
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Aí, não custa perguntar:
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1. Há, mesmo, espaço para novos cortes na Selic? Bom, dada a apatia industrial, não restaria dúvidas... mas o comércio e os serviços, salvo engano, são os itens que mais pressionam a inflação hoje. Será prudente seguir cortando fortemente os juros básicos, sem termos clareza da trajetória dos preços ainda neste ano calendário? Não creio que seja.
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2. Cortar Selic não significa, necessariamente, cortar juros para o tomador de crédito... para tornar mais baratos os empréstimos, temos uma agenda ampla, que passa pela concorrência no setor bancário (ponto para Dilma!), mas também pela redução dos depósitos compulsórios, pela redução da tributação sobre o crédito e por uma complexa teia de subsídios cruzados (ou seja, juros baixos para uns poucos, em troca de juros altos para muitos).
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3. Por que a dívida de curto prazo, atrelada a Selic, precisa ser tão atraente? Não seria interessante retirar sua atratividade lentamente, no processo de emissão de mais títulos pré-fixados? Não é essa uma das metas na gestão da dívida, bem sucedida nos últimos 15 anos...?
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4. Será prudente seguir praticando políticas fiscal e monetária expansivas, particularmente as voltadas para o aumento do CONSUMO, quando o país não consegue elevar de maneira consistente o INVESTIMENTO? Desestímulos à poupança não seria tornar ainda mais desequilibrada essa demanda agregada interna?
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Quanto mais penso nessas questões, mais acredito que a decisão da Dilma foi ousada apenas do ponto de vista político... sob o olhar econômico, trata-se de mais um remendo, típico de quem não reconhece a necessidade de reformas profundas.
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Luiz Maia.
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Vídeo-Atividades de 26 e 30 de abril

Seguem abaixo links para dois vídeos, relativos às atividades de 26 e 30 de abril - em que não tivemos aula presenciais:
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Abraços a todos!
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