Circulares do Banco Central do Brasil sobre mercado cambial

As alterações nas regras de exposição cambial aplicáveis aos bancos brasileiros parecem mesmo ter caráter mais "prudencial" do que intervencionista - leia-se, no segundo caso, tentativa de impedir a manutenção de posições vendidas em dólares no curto prazo.

Definição (Jornal Gazeta Mercantil, 12/jun): "Entre as três medidas, a mais importante parece ser a Circular 3.351, que redefine o conceito de exposição cambial, que será a soma de três elementos: o montante da diferença entre posições compradas e vendidas; os haveres em ouro; e o desajuste entre posições locais e linhas externas. A Circular 3.352 reduz a exposição cambial de 60% para 30% dos ativos líquidos dos bancos, enquanto a Circular 3.353 eleva de 50% para 100% o montante de capital exigido como contrapartida da exposição cambial."

Os efeitos esperados ou descartados:

Jornal Estado de SP (12/jun):
"É possível que alguns pequenos bancos tenham necessidade de comprar dólares para equilibrar suas posições, mas isso acontecerá só uma vez. Depois a taxa cambial continuará dependendo da entrada de divisas estrangeiras."


Folha de SP (12/jun): "... avalia-se que as medidas atenuem variações cambiais, mas em nada afetam sua tendência. Avalia-se: é o pouco que dá para saber."

Jornal Gazeta Mercantil (12/jun): "Algumas análises diziam que as medidas do BC teriam o objetivo de reduzir a posição vendida de câmbio no mercado à vista, assim provocando a depreciação do real. Só que as circulares tratam da posição líquida em câmbio, incluindo os mercados prontos e futuro. E o fato de um banco ter uma posição vendida no pronto não significa necessariamente que tenha uma exposição cambial. O mais comum (exceto para bancos pequenos) é os bancos fazerem operações de arbitragem, ficando vendidos no pronto e comprados no futuro."

Jornal Valor Econômico (12/jun): "Para o ex-diretor do BC Emílio Garófalo, as decisões mostram que a autoridade mudou o seu enfoque cambial. Elas representam a confissão de que existe uma política cambial, e ela deve ser exercida. "Acabou aquela história de que não havia política para o câmbio, que era apenas um apêndice sem importância da política monetária", diz Garófalo."

Em resumo: Tenta-se evitar que bancos pequenos mantenham maiores níveis de exposição cambial (praticamente exclusiva em operações de arbitragem). Se a taxa de câmbio varia abruptamente, esses bancos podem entrar em dificuldades e acabar trazendo ônus para todo o sistema (Recorde-se Banco Marka, em 1999).